Filosofia

Parmênides: Resumo, ideias, escola Eleata, frases famosas

Resumo

Parmênides foi um filósofo grego que viveu no século V a.C. e é considerado um dos fundadores da metafísica, ou seja, o estudo do ser e da realidade. Ele foi o principal representante da Escola Eleata, um grupo de pensadores que defendia a existência de uma unidade imutável e imóvel por trás de toda a diversidade e movimento do mundo.

A obra mais importante de Parmênides é o poema Sobre a Natureza, que se divide em duas partes: a via da verdade e a via da opinião. Na primeira, ele afirma que o ser é eterno, indivisível, indestrutível, imóvel e uno, e que tudo o que existe participa do ser. Na segunda, ele critica as concepções dos mortais que se baseiam nos sentidos e na aparência, e que não conseguem alcançar a verdadeira essência das coisas.

Parmênides influenciou muitos filósofos posteriores, como Platão, que se inspirou em sua ideia de um ser imutável para elaborar sua teoria das formas. Parmênides também se opôs ao pensamento de Heráclito, que defendia que tudo está em constante mudança e que nada permanece idêntico a si mesmo.


A Escola Eleata e seus principais expoentes

A escola eleata é uma escola filosófica pré-socrática que recebeu esse nome em função da cidade Eleia (da antiga Magna Grécia), situada no sul da Itália e local de seu florescimento e beleza. Nessa escola encontramos quatro grandes filósofos: Xenófanes, Parmênides, Zenão e Melisso.

O fundador da escola foi Xenófanes (570-475 a.C.), que criticou a concepção antropomórfica dos deuses gregos e defendeu a existência de um deus único, eterno e imutável. Ele também afirmou que o conhecimento humano é relativo e limitado.

Parmênides (540-450 a.C.) foi o discípulo mais famoso de Xenófanes e o principal expoente da escola. Ele desenvolveu uma doutrina radical sobre o ser, negando a possibilidade da mudança, do devir e do não-ser. Ele expôs sua filosofia em um poema intitulado “Sobre a Natureza”, no qual ele distingue dois caminhos: o da verdade e o da opinião.

Zenão de Eleia (490-430 a.C.) foi o discípulo mais fiel de Parmênides e o inventor da dialética. Ele formulou vários paradoxos para demonstrar as contradições do movimento e da pluralidade, apoiando a tese de seu mestre sobre a unidade e a imobilidade do ser.

Melisso de Samos (470-440 a.C.) foi outro discípulo de Parmênides que tentou conciliar sua doutrina com as observações empíricas. Ele afirmou que o ser é infinito, homogêneo e incorpóreo, mas admitiu que há uma diversidade aparente no mundo sensível.

A filosofia de Parmênides e seu poema “Sobre a Natureza”

A obra de Parmênides se baseia em um poema intitulado “Sobre a Natureza”, no qual ele expõe sua doutrina em dois caminhos: o da verdade e o da opinião. No primeiro, ele afirma que o ser é uno, imutável, eterno, indivisível e esférico. No segundo, ele reconhece que os sentidos nos enganam e nos fazem acreditar na multiplicidade, na mudança e no devir.

O poema começa com uma introdução narrativa, na qual Parmênides conta que foi conduzido por uma carruagem puxada por éguas até as portas do dia e da noite, onde foi recebido por uma deusa que lhe revelou os dois caminhos do conhecimento.

O caminho da verdade é aquele que segue a razão (logos) e conduz ao conhecimento certo (aletheia) sobre o ser. Nesse caminho, Parmênides afirma que o ser é e o não-ser não é, ou seja, que só existe aquilo que é e que nada pode surgir ou desaparecer do nada. Ele também afirma que o ser é uno, pois não pode haver separação ou divisão entre as partes do ser. Além disso, ele afirma que o ser é imutável, pois não pode se transformar em outra coisa, nem sofrer alterações em sua forma ou qualidade. Ele também afirma que o ser é eterno, pois não tem começo nem fim, nem passado nem futuro, mas apenas um presente contínuo. Na visão de Parmênides, o ser é indivisível, pois não pode ser cortado ou quebrado, nem ter partes maiores ou menores. Ele afirma que o ser é esférico, pois é a forma mais perfeita e simétrica, que não tem extremidades nem limites.

O caminho da opinião é aquele que segue os sentidos (aisthesis) e conduz ao conhecimento incerto (doxa) sobre o mundo. Nesse caminho, Parmênides reconhece que os sentidos nos enganam e nos fazem acreditar na existência de coisas que não são, como a multiplicidade, a mudança e o devir. Ele também reconhece que os homens criam opiniões variadas e contraditórias sobre o mundo, baseadas em suas percepções e experiências. Ele também reconhece que os homens usam conceitos como o ser e o não-ser, o mesmo e o outro, o leve e o pesado, o quente e o frio, para explicar a realidade, mas que esses conceitos são ilusórios e incoerentes.

Saiba mais: O poema Sobre a Natureza de Parmênides completo e traduzido para o português.

O poema de Parmênides é uma das obras mais importantes e influentes da filosofia antiga e ocidental. Ele foi fonte de inspiração e de crítica para muitos pensadores posteriores, como Zenão de Eleia, Platão, Aristóteles, Espinosa, Nietzsche e Heidegger. O poema também contém reflexões sobre cosmologia, física, astronomia e biologia, que tentam explicar a origem e a ordem do universo a partir dos princípios do ser.

A oposição entre Parmênides e Heráclito sobre o movimento e a mudança

A grande motivação inicial da filosofia de Parmênides foi a contraposição às teses heraclitianas sobre o movimento e a mudança contínua de todas as coisas. Heráclito defendia que há um movimento contínuo (fluxo perpétuo) que permeia tudo o que existe, fazendo com que tudo mude a cada segundo. Ele também defendia que há uma unidade na diversidade, pois tudo é composto por pares de opostos que se harmonizam pela tensão (logos). Ele também defendia que há uma ordem no caos, pois tudo é regido por uma lei universal (physis).

Parmênides se opõe radicalmente à filosofia de Heráclito, negando a possibilidade da mudança, do devir e do não-ser. Para Parmênides, o movimento é uma ilusão e o ser não pode deixar de ser nem se transformar em outra coisa. Ele usa argumentos lógicos para demonstrar que o não-ser é impossível e contraditório. Ele também usa argumentos ontológicos para demonstrar que o ser é uno, imutável, eterno, indivisível e esférico.

O conflito de pensamento entre Parmênides e Heráclito é fundamental, pois pode ser considerado o primeiro choque de ideias que ainda hoje tem força, afastando-se lentamente da Filosofia da Natureza e do misticismo de Pitágoras. Nesse conflito, podemos ver as origens da dialética, da metafísica e da lógica.

A influência de Parmênides na história do pensamento ocidental

A filosofia de Parmênides teve uma grande influência na história do pensamento ocidental, pois ele foi o primeiro a questionar os princípios da razão e da realidade. Ele também inspirou outros filósofos, como Platão, Aristóteles e Hegel, que tentaram conciliar o ser e o devir em suas teorias.

Platão foi um dos primeiros a reconhecer a importância de Parmênides para a filosofia. Em seus diálogos “Parmênides” e “Sofista”, ele apresenta os argumentos de Parmênides sobre o ser e tenta refutá-los ou superá-los. Em sua teoria das ideias, ele propõe uma distinção entre o mundo sensível (doxa), onde há mudança e multiplicidade, e o mundo inteligível (aletheia), onde há imutabilidade e unidade.

Aristóteles foi outro filósofo que se dedicou a estudar a obra de Parmênides. Em sua “Metafísica”, ele critica os paradoxos de Parmênides sobre o movimento e a pluralidade. Nas reflexões sobre a “Física”, ele propõe uma teoria do movimento baseada na noção de potência e ato. E nos pensamos sobre a “Lógica”, ele desenvolve as regras do silogismo para evitar as contradições.

Influência e legado de Parmênides

O poema de Parmênides é uma das obras mais importantes e influentes da filosofia antiga e ocidental. Ele foi fonte de inspiração e de crítica para muitos pensadores posteriores, como Zenão de Eleia, Platão, Aristóteles, Espinosa, Nietzsche e Heidegger. O poema também contém reflexões sobre cosmologia, física, astronomia e biologia, que tentam explicar a origem e a ordem do universo a partir dos princípios do ser.

Frases famosas de Parmênides

Algumas frases famosas de Parmênides são:

  • “O mesmo é pensar e ser.”
  • “O ser é, e o não ser não é.”
  • “É preciso dizer e pensar que o ser é; pois o ser é, mas o nada não é.”
  • “Não afrouxes a força do braço no vasto caminho da investigação.”
  • “O que pode ser falado e pensado deve necessariamente ser.”
  • “A linguagem é a etiqueta das coisas ilusórias.”
  • “Ex nihilo nihil fit (nada surge do nada).”
  • “E que necessidade o levaria a nascer mais cedo ou mais tarde, partindo do nada?”
  • “O universo, para aqueles que souberam abraçá-lo de um único ponto de vista, não seria mais do que um único fato e uma grande verdade.”
  • “A guerra é a arte de destruir homens; a política é a arte de enganá-los.”
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