Religião

O que é apócrifo? Conheça os principais textos

Você já ouviu falar em textos apócrifos? Eles são aqueles que não foram reconhecidos como autênticos ou inspirados por uma autoridade religiosa, como a Igreja Católica ou o Judaísmo. Neste artigo, vamos explicar o que é apócrifo, quais são os principais exemplos de textos apócrifos e por que eles são importantes para a história e a cultura.

O que é apócrifo: definição e origem

A palavra apócrifo vem do grego ἀπόκρυφος, que significa “oculto” ou “secreto”. Na antiguidade, os textos apócrifos eram aqueles que continham ensinamentos esotéricos, reservados para um grupo restrito de iniciados. Esses textos não eram divulgados publicamente, pois poderiam ser considerados heréticos ou perigosos pelas autoridades religiosas ou políticas.

Com o surgimento do Cristianismo, o termo apócrifo passou a designar os textos que não foram incluídos no cânone bíblico, ou seja, na lista oficial de livros sagrados reconhecidos pela Igreja. Esses textos eram considerados falsos, espúrios ou duvidosos, pois não tinham a autoria dos apóstolos ou dos profetas, ou contradiziam os ensinamentos da fé cristã.

Os textos apócrifos cristãos podem ser divididos em dois grupos: os do Antigo Testamento e os do Novo Testamento. Os do Antigo Testamento são aqueles que foram escritos antes de Cristo, mas não foram aceitos pelo Judaísmo como parte da Torá (a lei de Moisés) ou dos livros dos profetas.

Os do Novo Testamento são aqueles que foram escritos depois de Cristo, mas não foram aceitos pela Igreja como parte dos evangelhos, das cartas dos apóstolos ou do Apocalipse.

Principais textos apócrifos

Para ilustrar melhor o que é apócrifo, vamos apresentar alguns exemplos de textos apócrifos do Antigo e do Novo Testamento, destacando suas características e conteúdos.

O Livro de Enoque é um dos textos apócrifos mais antigos e influentes. Ele foi escrito entre os séculos III e I a.C., provavelmente por um judeu da Palestina. Ele narra as visões e revelações de Enoque, o sétimo patriarca depois de Adão, que teria sido arrebatado por Deus antes do dilúvio. O livro contém descrições do céu, do inferno, dos anjos caídos, do Messias e do fim dos tempos. Ele foi muito lido pelos primeiros cristãos e citado por alguns autores do Novo Testamento, como Judas e Pedro.

O Livro dos Jubileus reconta a história da criação até a morte de Moisés, dividindo-a em períodos de 49 anos chamados jubileus. O livro enfatiza a importância da observância da lei, do calendário e da circuncisão.

O Livro de Tobias narra as aventuras e milagres de Tobias, um jovem judeu exilado na Assíria, que se casa com Sara, uma moça atormentada por um demônio. O livro exalta o valor da família, da oração e da caridade.

O Evangelho de Tomé é um dos textos apócrifos mais famosos e polêmicos. Ele foi escrito no século II d.C., provavelmente por um cristão gnóstico da Síria. Ele consiste em uma coleção de 114 ditos atribuídos a Jesus, sem narrar nenhum evento de sua vida ou morte. Alguns ditos são semelhantes aos dos evangelhos canônicos, mas outros apresentam uma visão mística e esotérica de Jesus e da salvação. O evangelho foi descoberto em 1945, entre os manuscritos de Nag Hammadi, no Egito.

O Evangelho de Maria Madalena relata as conversas entre Jesus ressuscitado e Maria Madalena, que seria sua discípula predileta. O evangelho revela os mistérios do reino de Deus e defende o papel das mulheres na liderança da Igreja.

Os Atos de Paulo e Tecla são um dos textos apócrifos mais populares e difundidos na antiguidade. Eles foram escritos no final do século II d.C., provavelmente por um cristão da Ásia Menor. Eles narram as aventuras e milagres de Paulo e Tecla, uma jovem nobre que se converte ao cristianismo após ouvir a pregação de Paulo. O texto exalta o valor da virgindade, da castidade e do martírio como formas de seguir a Jesus. O texto foi condenado pela Igreja como falso e apócrifo, mas teve muita influência na devoção popular e na arte cristã.

Conclusão

Os textos apócrifos são fontes valiosas para conhecermos melhor a história, a cultura e a religião da antiguidade. Eles nos revelam aspectos da fé, da ética e da espiritualidade de judeus e cristãos que não foram aceitos ou preservados pelas instituições oficiais. Eles também nos mostram a diversidade e a riqueza das tradições e das interpretações sobre os textos sagrados. Por isso, eles merecem ser estudados e apreciados com respeito e interesse.

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