Filosofia

Filosofia clássica e os principais filósofos

A filosofia clássica é o período da história da filosofia que abrange desde o surgimento dos primeiros pensadores gregos, no século VI a.C., até a queda do Império Romano, no século V d.C. Esse período é dividido em três fases: pré-socrática, clássica e pós-socrática. Neste artigo, vamos explicar o surgimento da filosofia clássica, cada uma dessas fases e apresentar as principais ideias e contribuições dos filósofos clássicos.

Surgimento da filosofia clássica

O surgimento da filosofia clássica está relacionado com o processo de racionalização do pensamento humano, que se afastou das explicações mitológicas e religiosas para buscar as causas naturais dos fenômenos. Os primeiros filósofos, chamados de pré-socráticos, se dedicaram a investigar a origem e a natureza do cosmos, buscando o princípio (arché) que explicasse a diversidade e a mudança das coisas.

O contexto histórico em que a filosofia clássica se desenvolveu foi marcado por grandes transformações políticas, sociais e culturais na Grécia Antiga, como o surgimento da democracia em Atenas, as guerras contra os persas e os conflitos entre as cidades-estado gregas. Esses acontecimentos influenciaram o pensamento filosófico, que passou a se voltar para questões éticas, políticas e antropológicas, além das cosmológicas.

Fase pré-socrática da filosofia clássica

A fase pré-socrática é marcada pelo questionamento sobre a origem e a natureza do universo, buscando uma explicação racional e não mitológica para os fenômenos naturais. Os filósofos pré-socráticos são chamados assim porque viveram antes de Sócrates, o grande mestre da filosofia clássica.

Os primeiros filósofos pré-socráticos foram os chamados “filósofos da natureza”, que tentaram identificar o princípio fundamental (arché) de todas as coisas. Alguns exemplos são:

  • Tales de Mileto: considerado o primeiro filósofo da história, afirmou que a água era o elemento originário de tudo.
  • Anaximandro: discípulo de Tales, propôs que o arché era o ápeiron, um princípio indeterminado e infinito, do qual se originavam os contrários (quente e frio, seco e úmido, etc.).
  • Anaxímenes: outro discípulo de Tales, defendeu que o ar era o arché, e que as diferentes formas da matéria resultavam da condensação ou rarefação do ar.
  • Pitágoras: fundador de uma escola filosófica e religiosa, afirmou que o arché era o número, e que a harmonia do universo se baseava nas relações matemáticas.
  • Heráclito: conhecido como o filósofo do devir, sustentou que o arché era o fogo, e que tudo estava em constante mudança, regido pela lei da dialética dos opostos.
  • Parmênides: fundador da escola eleática, negou a existência da mudança e afirmou que o ser é uno, imutável, eterno e indivisível.
  • Empédocles: conciliou as teses de Heráclito e Parmênides, afirmando que existiam quatro elementos básicos (fogo, ar, água e terra), que se combinavam e se separavam por meio de duas forças (amor e ódio).
  • Anaxágoras: introduziu o conceito de nous (inteligência ou mente), como o princípio ordenador do cosmos, composto por partículas infinitamente pequenas e diversas (os homeomerias).
  • Leucipo e Demócrito: criadores da teoria atomista, segundo a qual a realidade é formada por átomos indivisíveis e vazios, que se movem no espaço infinito.

Fase clássica

A fase clássica é caracterizada pelo desenvolvimento da ética, da política, da estética e da metafísica, tendo como expoentes Sócrates, Platão e Aristóteles. Esses filósofos se preocuparam mais com a natureza humana do que com a natureza física, buscando responder questões como: O que é o bem? O que é a justiça, a beleza e a verdade?

Sócrates é considerado o pai da filosofia moral, pois defendia que o conhecimento de si mesmo era o caminho para a virtude e a felicidade. Ele não deixou nenhuma obra escrita, mas sua vida e seus ensinamentos foram registrados por seus discípulos, especialmente Platão. O método utilizado por Sócrates era o dialético, que consistia em fazer perguntas aos seus interlocutores para levá-los à contradição e ao reconhecimento da própria ignorância. Sua famosa frase “só sei que nada sei” expressa sua postura de humildade intelectual e busca incessante pelo saber.

Platão foi o discípulo mais famoso de Sócrates e fundou a Academia, a primeira escola de filosofia do Ocidente. Ele escreveu diversos diálogos, nos quais colocava Sócrates como personagem principal, discutindo temas variados com outros interlocutores. Ele criou uma teoria das ideias, segundo a qual o mundo sensível é uma cópia imperfeita do mundo inteligível, onde se encontram as essências imutáveis e eternas das coisas. As ideias são acessíveis apenas pela razão, e não pelos sentidos. A ideia mais importante é a ideia do bem, que é a causa de tudo o que existe e o fim de toda ação humana.

Aristóteles foi aluno de Platão e criou um sistema filosófico abrangente, que abordou temas como lógica, física, biologia, psicologia, ética, política, poética e retórica. Ele criticou a teoria das ideias de Platão e defendeu que a realidade é composta de substâncias individuais, formadas por matéria e forma. A matéria é o princípio indeterminado e potencial, e a forma é o princípio determinado e atual. A forma é aquilo que confere identidade e finalidade à substância. Aristóteles também distinguiu quatro tipos de causas: material, formal, eficiente e final. A causa final é a mais importante, pois é o propósito ou a razão de ser de cada coisa.

Fase pós-socrática da filosofia clássica

A fase pós-socrática é composta por diversas escolas e correntes filosóficas que surgiram após a morte de Aristóteles, como o estoicismo, o epicurismo, o ceticismo, o neoplatonismo e o ecletismo. Essas escolas se dedicaram principalmente à questão da felicidade humana e à relação entre o homem e o cosmos.

O estoicismo foi fundado por Zenão de Cítio e teve como principais representantes Cleantes, Crisipo, Sêneca, Epiteto e Marco Aurélio. Os estoicos defendiam que a felicidade consistia em viver de acordo com a razão e a natureza, aceitando os acontecimentos com serenidade e indiferença. Para os estoicos, tudo estava determinado pelo destino (logos), que era uma razão universal que governava o mundo.

O epicurismo foi fundado por Epicuro e teve como principais seguidores Metrodoro, Hermarco e Lucrécio. Os epicuristas defendiam que a felicidade consistia em buscar o prazer moderado e evitar a dor. Para os epicuristas, o prazer era a ausência de perturbações (ataraxia) e o bem supremo era a amizade. Os epicuristas também eram atomistas, ou seja, acreditavam que tudo era composto por átomos e vazio.

O ceticismo foi iniciado por Pirro de Elis e teve como principais expoentes Enesidemo, Agripa e Sexto Empírico. Os céticos afirmavam que não era possível alcançar nenhum conhecimento seguro sobre a realidade, pois tudo dependia do ponto de vista do observador. Por isso, os céticos suspendiam o juízo sobre todas as coisas (epoché) e buscavam a tranquilidade da alma (ataraxia).

O neoplatonismo foi uma corrente filosófica que retomou as ideias de Platão e as combinou com elementos do orientalismo, do judaísmo e do cristianismo. O principal representante do neoplatonismo foi Plotino, que concebeu uma hierarquia de três hipóstases: o Uno (o princípio supremo e transcendente), o Nous (a inteligência ou mente universal) e a Alma (a vida ou alma do mundo). O neoplatonismo influenciou diversos pensadores medievais e renascentistas.

O ecletismo foi uma tendência filosófica que consistiu em selecionar as melhores ideias das diversas escolas anteriores, sem se comprometer com nenhuma delas. O ecletismo foi praticado por vários filósofos romanos, como Cícero, Sêneca e Marco Aurélio.

Esperamos que este artigo tenha sido útil para você conhecer um pouco mais sobre a filosofia clássica, uma das mais importantes e fascinantes da história do pensamento humano. Se você gostou, compartilhe com seus amigos e deixe seu comentário.

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